Fernando de Noronha já desponta como um destino turístico diferenciado não apenas por suas belezas naturais deslumbrantes, mas também por suas práticas sustentáveis, que o destacam entre outros destinos com perfil semelhante.
A começar pela sua classificação em dois tipos de Unidades de Conservação da Lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação): a APA – Área de Proteção Ambiental, que trata-se de uma UC de Uso Sustentável, e o Parnamar – Parque Nacional Marinho, que, por definição, é uma UC de Proteção Integral, nos quais o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes do Meio Ambiente (ICMBio) desempenham papéis fundamentais nas suas gestões e conservações.
Outro diferencial é que na ilha principal, muitas das edificações históricas são tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), além do que, o arquipélago foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 2001.
Vamos conhecer um pouco mais sobre as iniciativas sustentáveis?
CONSERVAÇÃO DA FAUNA
Os tradicionais projetos Tamar e Golfinho Rotador estão na ilha desde os anos 80 e 90. Esses projetos têm contribuído significativamente para a conservação da fauna marinha em Fernando de Noronha, promovendo a conscientização ambiental e o envolvimento da comunidade na proteção dessas espécies emblemáticas.
Recentemente, iniciativas de monitoramento de tubarões e aves marinhas foram incorporadas à rotina da ilha, evidenciando o compromisso com a preservação da vida terrestre e marinha.
ENERGIA SOLAR
As primeiras placas solares foram instaladas no ano de 2004. O sistema Smart Energy Grids foi implantado na ilha durante a instalação das usinas solares de Noronha I e Noronha II, em 2016.
Esse projeto incentiva o uso de microgeração distribuída e a redução das emissões de combustíveis fósseis, proporcionando aos clientes maior controle do consumo de energia e permitindo à Neoenergia, empresa responsável, identificar e solucionar rapidamente incidentes ocorridos no arquipélago.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Quanto ao abastecimento de água, Fernando de Noronha enfrenta desafios devido à falta de fontes de água doce. No entanto, o arquipélago adota soluções criativas, como a captação e armazenamento de água de chuva e o uso de dessalinizadores marinhos.
Em 2021, foi investido R$ 22 milhões na instalação de um novo sistema de dessalinização com tecnologia de osmose reversa, aumentando significativamente a oferta de água potável.
RESÍDUOS SÓLIDOS E PLÁSTICO ZERO
Em relação aos resíduos sólidos, Fernando de Noronha implementa programas de coleta seletiva e reciclagem, buscando reduzir a quantidade de lixo produzido na ilha.
A maior parte de seus Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), são transportados por via marítima ao continente, a um custo elevado, e tendo como destino um aterro sanitário e recicladoras de resíduos.
A ilha de Fernando de Noronha possui uma Usina de Tratamento de Resíduos Sólidos (UTRS), a qual recebe, segrega por categoria, trata e armazena temporariamente todos os resíduos produzidos na ilha.
Dos recicláveis, todo o vidro é triturado e armazenado temporariamente para uso em substituição a areia na construção civil na ilha. Os resíduos orgânicos, passam por processo de compostagem e o produto, o composto, é destinado para hortas e jardins.
Além disso, iniciativas de conscientização da população e dos visitantes sobre a importância da redução do consumo de plástico e do descarte correto dos resíduos são promovidas constantemente. O objetivo é alcançar o status de “Plástico Zero” e garantir a preservação do ecossistema marinho.
CARBONO ZERO
Um dos projetos mais emblemáticos é o Noronha Carbono Zero, aprovado em 2020
e que entrará em vigor em 2025. Essa lei proíbe a entrada e circulação de carros a combustão na ilha, substituindo-os por veículos elétricos. Esse período de transição de cinco anos foi necessário para a elaboração do Plano Local de Ação Climática (Plac), que visa estruturar e consolidar ações para reduzir as emissões de gases em Noronha.
Esse estudo abrange a atualização do inventário de emissões, diagnóstico socioeconômico, análise de riscos e vulnerabilidades climáticas, escutas públicas e um plano técnico de ação para tomadas de decisão.
Sabemos que ainda há muito a se conquistar, principalmente na área social, iniciativas voltadas à comunidade local, mas Fernando de Noronha já é um exemplo inspirador de como o turismo pode ser desenvolvido de forma sustentável e responsável.